domingo, 1 de julho de 2007

Meu presente e o som.


Adentrou o ano e mais um dia 23 foi festivo em fevereiro. Contra minha vontade, pois não sou adepto a comemorações no dia do meu nascimento. Churrasco, amigos, família e cerveja, tudo nos conformes de um ambiente agradável – exceto o momento dos parabéns, a melhor invenção para envergonhar o aniversariante. Eu odeio parabéns: interrompem-se as conversas, os olhares, deixa-se esfriar a picanha e a cerveja a esquentar, um horror. Enfim. Um artefato marcante de uma data comemorativa, entretanto, faltou naquele fatídico dia – não que eu dê muita bola para essas formalidades – o meu presente de aniversário, o dos velhos. Bah! Mas não foi culpa deles. Eu não sabia o que pedir, e foi acordado:
_ Quando escolheres algo, compramos para ti – disse meu pai.
Pois bem. E passou alguns dias, semanas, meses e nada. Até narguile pensei – aquela coisa que os árabes adoram baforar. Estava quase certo, era o narguile de presente. Eis que uma luz clareou a mente deste que vos fala e lembrei de um desejo antigo que me tomava fazia tempo e nada de realizá-lo: um tocador de vinil!
Retrógrado, talvez, para as normalidades da sociedade que se engana ao afirmar que evoluímos para o som digital, qualidade sem chiados e praticidade. Pobres terráqueos, mal sabem do verdadeiro significado do som, O som. Muito depende, no entanto, de suas variações musicais. Se você é daqueles que se limita às angustiantes poesias do pagode e aos arranjos cólicos de uma melodia sertaneja, pare imediatamente de ler este texto. Não foi feito para você.
Prosseguindo, o som vai além daquilo que simplesmente teus ouvidos escutam. Para apreciar um vinil é preciso ouvi-lo com todos os sentidos que deténs, principalmente o sexto. Um bom exemplo: Bilie Holiday. A nostalgia que um vinil de Bilie Holiday pode proporcionar é uma sensação única e agradavelmente acompanhada com um cigarro e uma fossa amorosa. O chiado do vinil é charme, ainda mais para a Bilie, que cantava amavelmente seus blues e jazz no começo da década de trinta do século passado. Um bom som deve reportar àquilo que o deu origem. E nada como um bom chiado de vinil para ambientar-se àquele tempo.
Viva o vinil!

Um comentário:

Anônimo disse...

Viva o vinil!
Sempre gostei do famoso bolachão! hhhehe nao sei ao certo, parece-me transmitir mais emoçao.
adorei o texto, exceto pela parte que me toca na qual o pagode é menosprezado como 'angustiantes poesias'. hehehe
mas tudo bem... eu nao gosto de blues!
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