segunda-feira, 4 de junho de 2007

Muita Estrela, Pouca Constelação

Hoje na facul estavam expostos os trabalhos interdisciplinares da terceira fase do jornalismo. Bruxaria, espíritas, umbandas, garotos de rua, escoteiros e “hippies”. Todos ótimos. Um, no entanto, me chamou atenção – não só pelo excelente trabalho da desmistificação dos hippes em micróbios – quando estava sentado no lado de fora da Estácio fumando um cigarro com o Santiago: tocou um som do Raul!
Fazia muito tempo que não escutava esse maluco beleza e, obviamente, a música tinha tudo a ver com os micróbios. Eles, que por ideologia são contrários ao consumismo, levam uma vida muito simples: vivem perambulando pelas ruas ( porém com moradia) vendendo seus artesanatos, ganhando o suficiente para alimentar-se e comprar miçangas. E nos faz parar e pensar o porquê dessa correria que anda nossa sociedade. Temos que fazer faculdade, trabalhar cedo, estar sempre bem vestido, falar várias línguas, estudar muito para conquistar o desejado sucesso pessoal e profissional. Mas o que é sucesso para você? O que é para mim!? E parei pra escutar aquela música do Raulzito e vi que essa corrida de cem metros rasos que a sociedade nos impõe tem uma linha de chegada muito podrel: o status.
É sim. É tudo pose. Aparência. Se você tem o carro do ano (opa!), se compra roupa toda semana pra não repetir o visual (o que vão pensar?), se você só vai nas “nights” do momento ( vai ta todo mundo lá!) e se você ficou viciada em flashes, cuidado. Você está na corrida e nem notou porque corre. E meu post, na verdade, é uma dica musical: Muita Estrela, Pouca Constelação, música do Raul Seixas e do Marcelo Nova (Camisa de Vênus).
Pare, escute e pense. Procurem a música. Aqui vai a letra. Abraço.


MUITA ESTRELA, POUCA CONSTELAÇÃO

A festa é boa tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficar lá nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas
E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecarE o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é: muita estrela, prá pouca constelação

E tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E um sapatão que azarava minha mulher
Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada mas é boa em copiar
A crítica gostou vai ser sucesso ela não erra
Afinal lembra o que se faz na inglaterra

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é: muita estrela, prá pouca constelação

E agora vem a periferia
O fotógrafo, ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra'quela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga
E o jornalista ele quer bajulação
Pois new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão a vista
E todo mundo posando de artista

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação
O problema é: muita estrela, prá pouca constelação

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito lógico esse texto, mas eu acredito que exista uma dúvida no ar que nem eu saberia responder.
Essa "pose" que você comenta pode ser rusultado de uma outra conta; que poderia ser: a busca insesante pelo poder e não por status.
Argumentos: desde os primórdios o homem necessita de status para poder comer a melhor carne ou ter a melhor mulher. Porém para ter uma mercedez -pose- é preciso ter o poder.
Portanto não consegui definir se a busca é pelo status ou pelo poder?
Perdoe pssíveis erros de português, porém, como naum sou escritor e totalmente favorável a neolinguagem digital adotada atualmente pelo jovens, naum me preocupo com tais erros.

Ass. RH