quinta-feira, 31 de maio de 2007

A palestra

Palestras, na maioria das vezes, são marcadas pela monotonia. O apresentador fica ali por horas falando de suas experiências, que nem sempre são interessantes. A platéia atenta corresponde com bocejos, conversas paralelas, enfim, ninguém tem saco para essas apresentações. Mas vou lhes contar sobre uma palestra que não tinha nada de comum, pelo contrário, foi muito hilária.
O jornalista estadunidense, Steve Doig, vencedor do prêmio Pulitzer em 1993, foi convidado pelo consulado de seu país para fazer algumas palestras no Brasil. As apresentações contariam com tradução simultânea, já que o mesmo não fala português. No dia dezessete de maio, a tão esperada palestra chegou a Florianópolis, no auditório do Centro de Comunicação de Expressão da UFSC.
Sempre que possível, participo das palestras de jornalismo e como de rotina participei dessa também. Na entrada do auditório eram entregues transmissores com fones de ouvido para aqueles que não falavam inglês. Ao entrar, notei que havia uma cabine ao fundo com duas moças dentro. O jornalista iniciou a palestra e eu, como não sei quase nada da língua, logo coloquei o fone.
No decorrer da palestra, notei que aquelas duas moças da cabine se revezavam na tradução e que uma já estava familiarizada com o apresentador, repetia até os gestos dele, porém a outra parecia nem saber inglês, a coitada se enrolava toda! Uma parte significativa da platéia não estava usando o fone, o que tornava engraçados certos momentos, como nas piadas contadas por Steve, ocasião em que quem não usava o fone, ria com ele e quem estava usando, só ria depois.
Mas o melhor ainda estava por vir! É comum que ao final de cada palestra, seja aberto o tão esperado espaço para perguntas da platéia. E foi exatamente nessa hora que um dos espectadores, não sei se por enorme concentração ou nervosismo, esqueceu de retirar o fone para fazer a pergunta e acabou ouvindo a tradução em inglês, o pobrezinho repetiu a mesma palavra umas cinco vezes. Assim encerrou a palestra, em que o som dos aplausos deu lugar ao som das gargalhadas.

2 comentários:

Anônimo disse...

talvez, um belo retrato da realidade de uma palestra...

ou até mesmo, um desabafo

bem legal ,]

Álvaro S.Frasson disse...

como diz juca kfouri, palestra boa é palestra curta!
bom texto militinho.
abraço!
;)